Reinaldo Carrera - presidente da LPBP.
São Paulo (SP) - Ainda restam pouco mais de sete meses, mas a próxima eleição para a Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe) já tem seu nome de oposição. O administrador de empresas e economista Mauzler Paulinetti confirma sua candidatura, pois acredita que chegou a hora de mudança no comando da entidade de boxe mais antiga do país (fundada em 1933), apesar dele mesmo ser membro do Conselho Fiscal e estar ligado à confederação há quase 20 anos.
Na realidade, não será uma oposição feroz. Paulinetti só quer fazer cumprir uma promessa feita pelo atual presidente, Luiz Cláudio Braga Boselli, quando de sua eleição em janeiro de 2005. Na oportunidade, Boselli pediu à assembléia, que em seguida ratificaria seu nome, uma nova chance – está na direção da CBBoxe há praticamente três mandatos, de quatro anos cada um – e garantia que este seria seu último período à frente da entidade.
Estivemos pessoalmente naquela assembléia e acabamos sendo indicado por algumas federações como secretário da eleição e podemos comprovar as palavras do atual mandatário que, entre pontos, afirmou que gostaria de concluir o trabalho administrativo e esportivo desenvolvido por ele, culminando com a disputa nesta temporada dos Jogos Olímpicos de Pequim, na China.
Naquele mesmo dia, porém, sete presidentes de federações deram uma espécie de ultimato a Paulineti. Votariam em Boselli com a condição de que, em 2009, o próprio Paulinetti fosse o candidato natural à presidência. E agora ele promete seguir à risca seu compromisso, mesmo tendo sido uma das pessoas que mais contribuíram para a continuidade e o trabalho do atual dirigente.
Mesmo adotando uma postura light, Paulinetti avalia que Luiz Boselli já não rende mais o que dele se espera. “Queremos reerguer o boxe profissional e mudar os padrões do olímpico”, sintetiza. Em sua visão, Boselli deixou um vácuo na direção permitindo a criação de novas entidades nos últimos anos com o mesmo poder de confederação. Antes de assumir a CBBoxe só havia uma outra entidade rival: a Confederação Brasileira de Boxe Profissional, criada em 1993. Hoje, contudo, existem outras tantas, sendo a maioria verdadeiros caça-níqueis.
Dizendo-se também contra o continuísmo e o centralismo, Paulinetti afirma que, se eleito, será presidente por apenas um período e que sua decisão será devidamente registrada em cartório. “Não tenho mais o prazer de viajar pelo mundo junto com os atletas olímpicos que disputam torneios em todos os continentes. Essa tarefa será repassada a outras pessoas, pois penso em criar um conselho de notáveis”, garante.
Ex-atleta de caratê e ligado a outras artes marciais, o candidato de oposição diz que uma de suas primeiras ações será votar um novo estatuto para incluir a eleição ou indicação de cinco vices-presidentes que estariam espalhados pelas cinco regiões do país. Resumidamente, ele diz que “é um passo na criação de diversos núcleos para o desenvolvimento do boxe olímpico”.
Em seu entender, muitos atletas e mesmo a equipe de treinadores da atual seleção permanente já não atendem aos anseios de todas as pessoas ligadas ao esporte e não correspondem aos resultados esperados para uma entidade que recebe mais de um milhão de reais por ano, repassado pelo COB - Comitê Olímpico Brasileiro.
Já pensando em cortes profundos caso assuma a CBBoxe, Paulinetti, porém, não pretende descartar nenhum dos profissionais técnicos ligados à entidade. Ele sugere, por exemplo, “que Boselli poderia perfeitamente continuar representando-nos na Federação Sul-americana de Boxe e mesmo na AIBA (Associação Internacional de Boxe Amador), enquanto os treinadores de hoje poderiam doar seus conhecimentos nos núcleos regionais”. A seleção principal, contudo, poderia até mesmo ser dirigida por um profissional de outro país, do mesmo modo como ocorre atualmente no basquete e no handebol.
Ao ser questionado se poderia eventualmente desistir da candidatura ou mesmo se Luiz Cláudio Boselli pudesse insistir em partir para nova reeleição, Paulinetti é enfático. “Já tenho a garantia inicial de sete votos e não abrirei mão de meus compromissos, iniciando minha corrida eleitoral em poucos dias. Agora, se Boselli quiser brigar por mais um mandato ele tem esse direito, mas não creio que seja justo com suas próprias palavras de quatro anos atrás”.
Reinaldo Carrera