Fonte: http://esporte.uol.com.br/
Maurício Dehò - Em São Paulo.
O mundo do boxe é famoso por seus valiosos cinturões, bolsas milionárias e lutas em hotéis suntuosos. Esse cenário, porém, é restrito ao pugilismo profissional. No amador, que rende medalhas olímpicas, a realidade é outra. Ginásios vazios mesmo nas Olimpíadas, sem glamour e com pouco reconhecimento, serve, na maioria dos casos, apenas como trampolim para o profissionalismo.
Para mudar essa cara do boxe amador, a Aiba, Associação Internacional de Boxe Amador, responsável por regulamentar a modalidade em nível olímpico, planeja grandes mudanças. A partir de setembro de 2010 será disputado o World Series of Boxing, um campeonato que está sendo formatado, mas que, segundo a entidade, pode revolucionar a modalidade.
O conceito ainda está sendo discutido pelos membros da Aiba, mas o objetivo principal é atrair o grande público de volta ao boxe, principalmente o amador. O gancho é a fase ruim dos profissionais, com inúmeras entidades e a figura do campeão mundial, como existia antigamente, diluída, com até quatro nomes com cinturões considerados mundiais.
"A intenção do World Series of Boxing é oferecer aos pugilistas do mundo todo uma nova opção, onde eles possam participar de eventos globais, que revolucionarão o mundo do boxe", afirmou Ching-Kuo Wu, presidente da Aiba, em entrevista ao UOL Esporte. "O World Series será excitante, universal e terá um grande apelo para os torcedores, já que a Aiba procura criar um novo produto, que satisfará as necessidades dos pugilistas e fãs."
Apesar de não considerar esta competição como uma disputa de boxe profissional, a Aiba quer regras diferentes das usadas em Olimpíadas. Na prática, os novos campeões não terão diferenças para quem detém cinturões de outras entidades. Os lutadores subirão ao ringue sem protetores de cabeça ou camisetas, e a pontuação será no sistema de dez pontos, como no profissional. Em princípio, serão apenas cinco categorias: galo, leve, médio, meio-pesado e pesado.
Além disso, durante as várias etapas, em diferentes países, os pugilistas não lutarão com as cores de seus países. Em vez disso existirão franquias, equipes que contratarão lutadores, farão preliminares continentais e, depois, entrarão na disputa pelo título mundial em uma grande final. "A estrutura será baseada em franquias que terão a chance de escolher e assinar com lutadores", explicou Wu. "Haverá um número mínimo obrigatório de lutadores estrangeiros e o restante será de pugilistas locais."
Para evitar que países com menos tradição, como o Brasil, sejam prejudicados e fiquem fora desta iniciativa, a Aiba afirmou que trabalhará de perto com as federações nacionais. "Algumas federações verão franquias sediadas em seus países, enquanto outras terão oportunidade de promover seus lutadores e terão o benefício financeiro disso. As federações serão recompensadas pelo duro trabalho que colocam para investir nos pugilistas", disse Wu, citando uma grande reclamação do mundo amador, que "perde" os pugilistas para o boxe profissional, com os promotores ficando com grande parte da renda obtida nesta segunda etapa.
Um pé aqui, outro acolá
Uma das medidas que beneficia os lutadores amadores e os que passaram ao boxe profissional após os Jogos de Pequim, é a de permitir que os que participarem da World Series of Boxing poderão continuar disputando medalhas nos Jogos Olímpicos, algo que muitos lutadores sentiam falta ao passarem de um estágio ao outro.
Além de seguirem lutando pelos seus países e poderem participar dos Jogos, como as regras serão as do profissionalismo, eles terão a chance de chegar com uma preparação ainda melhor, caso queriam se dedicar totalmente ao profissionalismo na sua forma tradicional.
AIBA TRABALHA COM GIGANTE DO MARKETING PARA SE EXPANDIR
Nomes como Zou Shiming, ouro nos Jogos de Pequim, são o que a Aiba vai procurar
Para garantir que o público retorne ao boxe como em outros tempos, a Aiba não tem medido esforços. Um deles é na parte de marketing, já que a entidade contratou a forte empresa norte-americana IMG para chefiar os planejamentos - a IMG já trabalhou, por exemplo, com a Fifa e o Campeonato Inglês, entre outros. São eles que definirão os formatos e principais detalhes para fazer do World Series of Boxing mais do que uma disputa esportiva, um verdadeiro show.
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Com os resultados de Pequim, os asiáticos devem ser aliados no projeto. A China teve dois ouros e já anunciou que tem a intenção de ter franquias, assim como a Índia, que teve seu primeiro medalhista na modalidade em Pequim. Ainda não se comentou sobre disputas na América Latina, mas Moscou, Milão, Chicago e Casablanca (Marrocos) estão entre as candidatas a terem franquias.
Lutadores como Washington Silva podem conhecer o profissional ainda no amador.
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